Rendição ou Luta? “Fica Bolsonaro” versus “Fora Bolsonaro”

MÁRIO MAESTRI* & ÉRICO CARDOSO**

O imperialismo estadunidense segue na direção geral do governo. Os grandes proprietários prosseguem abraçando o programa golpista de institucionalização de nova ordem neocolonial para o país. Eles vislumbram redenção com a destruição da legislação trabalhista; com o esmagamento salarial dos trabalhadores; com o arrasamento do sistema de pensões público e privado; com mega-cortes na educação, saúde, segurança, etc. Sonham com neo-escravidão assalariada. Não vislumbram que, no novo mundo reformado e arrasado pelo grande capital, pequenos e médios empresários passarão – e já passam aos milhares – de orgulhosos caçadores à caça miúda.

O governo lumpen-bolsonariano afunda na crise econômica e social. O Mito faz pior que o governo Temer desastrado. O PIB já é negativo – 0,2% (IBGE). Indústria (-0,7%), Agropecuária (-0,5%), Exportações (-1,9%). As Indústrias Extrativas (-6,3%), de Construção (-2,0%) e de Transformação (-0,5%) puxaram a queda. À espera da liberação do crime ambiental, a mineração fecha com números próximos ao quarto trimestre da grande crise de 2008.

O desemprego é multitudinário. Mais de treze milhões de desempregados – com os subempregados, 28 milhões. Uns 55 milhões vivem abaixo da linha de pobreza (Financial Times, 29/5). Aprofundam-se a repressão e o encarceramento, em condições inacreditáveis. Dos 750 mil presos, mais de 1/3 não foram julgados. Quase todos pobres. (G1, 26/04). O custo de vida sobe, com inflação anual de 4,7%. A renda da população cai e o endividamento chega às classes médias altas. O apoio ao  governo se dissolve e volta a mobilização, forte, contra a destruição da educação pública e a canibalização do regime de pensões.

No fim do carnaval

O terreno é cada vez mais árido. O fantasma da maré fascistóide que encurralaria o Congresso morreu ao findar o carnaval, sob os gritos desabusados de milhões de foliões: – “Bolsonaro vai te f…”. Acirram-se as fricções com o STF; com parlamentares conservadores do Centrão; com núcleos empresariais, sobretudo paulistas. O que é novo. O governador Dória avança “política industrial” para seu estado, grave heresia no credo liberal triunfante. Guedes fala em abrir a bolsa do FGTS, para relançar o consumo, em constrangedora contra-mão ao que prega.

A ala bolsonariana vinculada aos EUA preocupa-se com o esvaziamento do Mito, que crescerá com a aprovação da destruição do sistema previdenciário, comprometendo a reeleição em 2022. Generais e empresários descontentes com a submissão canina à política externa dos EUA e de Israel, estreitam laços com a China envolvida em dura guerra comercial com os estadunidenses. A soja e o frango e tudo mais “valem bem uma missa”!

Os senhores generais são definidos como o núcleo “racional” do governo, contra o núcleo “irracional”, este sim, fascista ou fascistizante, inimigo da civilização. Mourão apresenta-se como alternativa palatável, conquistando simpatias entre “esquerdistas”. A proposta de substituição do bolso-olavismo por um bloco de direita militarizado encontra apoio tácito em intelectuais de esquerda, comunicadores, parte da direção do PT e da CUT, que se reuniu com o vice.

Todavia, se prosperarem a reforma dura da previdência, o estrangulamento financeiro dos sindicatos, a radicalização da reforma trabalhista e todos os demais males, como defendem Bolsonaro e o general Mourão, no contexto do colaboracionismo da “esquerda”, o bolsonarismo ou movimentos congêneres terminarão tonificados. E conheceremos desmoralização geral da oposição que se negou a aceitar a luta, e da esquerda classista, com dificuldade em se diferenciar dos traidores.

Onde estão Queirós e os Bolsominions?

As manifestações do dia 26/5, domingo, superaram o fiasco. Sem o executivo mostrando claramente a cara, a mobilização e o financiamento milionário – camisas, bandeiras, carros de som – foram assumidos por facções proprietárias, que impediram um fracasso maior. Os “descamisados” do Mito ficaram em casa, descendo àsruas magras coortes de brancos adultos das classes médias e médio-altas, sobretudo. Apenas no RJ e SP as manifestações alcançaram alguma dimensão, ao juntarem-se aos habitués dominicais de Copacabana e da Paulista. Em centenas de cidades pequenas e médias, meia dúzia de bolsonaristas quase envergonhados seguiram atrás de uma faixa, quando o fizeram.

As manifestações do 26/5 foram tentativa de vitaminação do bolsonarismo contra os concorrentes internos. Não centraram seus ataques histéricos na educação pública, na previdência, no petismo, nos esquerdistas, como habitual. Priorizaram os ataques contra o STF, o general Mourão, o Congresso, etc. Assim, obtiveram alguma vitória ao mostrar que o bolsonarismo tem, ainda, base de sustentação própria, mesmo desmilinguida. Provaram, ao menos, ter mais gente que os senhores generais. Continuando a encenação, respondendo às ruas semi-vazias do 26/5, Bolsonaro, Maia, Toffoli propuseram pacto dos Três Poderes, tentando debelar a crise e avançar a liquidação do sistema previdenciário.

O predominante nesse início de mandato era a disputa entre os generais, que controlam o poder, e Bolsonaro e seus fiéis, que seguram a “caneta”, possuem restos de respaldo social e almejam a reeleição. Com a crise, facções do STF, o Congresso e o Senado passaram a exigir e defender suas fatias de poder. Agora, as ruas, sem serem convidadas, entram de sola, na arena política, fazendo estrago inesperado.

Manifestação Nacional

As manifestações do 15/5, quarta-feira, contra os cortes na educação pública, transbordaram as bolsonaristas de 26/5, domingo. Foram multitudinárias no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza e espraiaram-se pelo país, com apenas maior e menor sucesso nas cidades grandes. Nas médias e pequenas, não raro, alcançaram indiscutível magnitude relativa. Foi a primeira forte e maciça resposta popular nacional ao segundo governo golpista, com forte participação da juventude.

As manifestações do 30/5, quinta-feira, chamadas pela UNE, aproximaram-se das do dia 15/5. Arrasaram em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza. Em Porto Alegre, manifestantes aguentaram, durante horas, sob chuva forte e frio, sem esmorecer. Incorporaram segmentos que não participaram da primeira manifestação, com destaque, talvez, para os secundaristas. A população agredida descobre o caminho e o gosto da rua. Retoma e supera a passada luta pelo “Fora Temer”, interrompida.

O sucesso das manifestações dos dias 15 e 30/5 mostram real disposição de combate anti-golpista. Se a luta pela educação foi de tal tamanho, imagine-se o de greve geral de todas as frações exploradas! Esse sucesso coloca problemas para as direções sindicais e petistas e seus puxadinhos. A elas, não interessa greve geral que balance o governo e lance luta dura contra o golpismo e suas maldades sem fim. Porém, a direção da CUT não pode se desacreditar ainda mais com movimento inferior aos dos estudantes e professores.

Tirar o povo da rua

As direções petistas e sindicais buscam, em forma explícita e implícita, acordo com o Centrão e com a facção “militar-racional” do golpismo. Propõem retirar a população da rua em favor das eleições municipais de 2020, em troca de reforma previdenciária mais “palatável” e cortes menos duros, o que já foi em parte obtido [em teoria] pelas manifestações estudantis – devolução de 1,5 bi. Pedem de pires na mão a suspensão da reforma sindical, com a volta ao desconto na folha de pagamento ou coisa parecida.

Estão nesse movimento PT, PSOL, PDT, PSB, REDE etc., abraçados a  movimentos de esquerda com vinculações ao Estado – cargos sindicais, parlamentares, etc. Todos reivindicam que siga o jogo político parlamentar, mesmo viciado, com suas sinecuras pessoais e partidárias. Esses setores se opõem ao “Fora Bolsonaro, Fora Mourão, Eleições Diretas e Limpas, já”. Temem, como o diabo a cruz, a radicalização da luta e novos ataques golpistas à burocracia política e sindical. Em verdade, eles têm ainda muito a perder.

O “Fora Bolsonaro-Morão” é consigna popular, impulsionada desrespeitosamente desde o Carnaval. Ele se apresentou em cartazes e consignas no 15 e 30/5 – no RS: “Bolsonaro, vai te f…, não vou trabalhar até morrer”! No 30/5, enorme faixa “Fora Bolsonaro!” encabeçou a histórica manifestação de Barbalha, no Ceará. A radicalização da luta  cria problemas, por exemplo, ao PSOL. Seus setores colaboracionistas seguirão abraçados ao “Fica Bolsonaro” enquanto os radicalizados serão arrastados para o “Fora Bolsonaro”. As duas facções conviverão dificilmente na mesma organização.

Minhas queridas eleições

Reunião no dia 21 de maio, de lideranças de PT, PSOL, PCdoB, PDT, REDE, PSDB, etc., apontou para eventual frente eleitoral-parlamentar e definitivo abandono da luta contra o golpe, que algumas dessas organizações apoiaram. Em 26 de outubro de 2017, em Salinas, Minas Gerais, quando fervia a luta nas ruas contra o governo ditatorial cambaleante, Lula da Silva conclamou o “Fica Temer” ao propor que não era mais hora de lutar pela deposição do golpista, mas de preparar as eleições presidenciais de 2018. O resultado desastroso do desbunde colaboracionista, para o país e para ele, é conhecido.

Agora, desde a prisão, Lula da Silva lança o “Fica Bolsonaro”, propondo a necessidade de abandonar a luta que cresce pela deposição do governo golpista fragilizado. Em troca, propõe pauta “propositiva” para agora e para as eleições de 2020. Ou seja, atar cachorros famintos com linguiça! Aposta em uma saída negociada com o Centrão golpista e os generais “racionais” que obtenha, também, sua prisão domiciliar em futuro imediato e libertação, em futuro próximo.

Em sua entrevista a El País, de 27 de abril, Lula da Silva registrou sua total falta de confiança nos trabalhadores como dirigentes da emancipação do país. Em verdade, praticamente não se referiu ao mundo do trabalho. Reafirmou a crença em líderes iluminados, como destaque para ele, e propôs a retomada impossível do programa social-liberal petista, amigo do capital e com pequenas concessões para os trabalhadores, dos tempos de “vacas gordas”, que nos levou ao atual desastre.

Vendendo até a mãe

Lula da Silva, a direção e parlamentares do PT e da CUT se adaptam à vida sob o golpe, propondo conciliação ainda mais rebaixada do que a da Era Petista, quando disputavam com o PSDB, abraçados ao MDB e a outros monstrengos. A direita petista, com Haddad e os governadores à cabeça, sequer reconhece que houve golpe. Governadores petistas – Rui Costa (BA) e Camilo (CE) – realizam frentão com a direita golpista, antecipando-se nos ataques bolsonaristas contra os trabalhadores e os direitos sociais.

Esses governadores promovem, já, corte na educação; suspensão de reajustes salariais e concursos públicos; aumento da contribuição previdenciária; cobrança de mensalidades nas universidades públicas; repressão policial contra a juventude e a população carcerária. No caso de perda de força do assalto geral golpista, um governo nacional petista poderia realizar a mediação entre o último governo neoliberal de Dilma Rousseff e o ultraliberalismo militar-bolsonarista.

A Luta por “Fora Bolsonaro, Fora Mourão, Eleições Gerais Limpas, já”, deve ser associada à reivindicação intransigente da liberdade de Lula da Silva, de José Dirceu e dos presos políticos do golpismo. Tudo no contexto de um amplo movimento de luta nas fábricas, escritórios, universidades, escolas, quartéis, ruas, para reconquistar e ampliar os direitos sociais e democráticos perdidos e as propriedades públicas alienadas, à preço de banana podre. Para avançar e jamais retroceder.


* MÁRIO MAESTRI é historiador, RS; coordenador do Núcleo Zoom de Conjuntura Política [em organização].

** ÉRICO CARDOSO é historiador e coordenador do Núcleo Zoom de Conjuntura Política [em organização].

4 comentários sobre “Rendição ou Luta? “Fica Bolsonaro” versus “Fora Bolsonaro”

  1. […] A filosofia grega se inicia com os poemas sobre a Natureza. Passa para as prosas sobre a Sociedade com os sofistas e Sócrates. Platão, seguidor de Sócrates, desenvolve os diálogos e a prosa rumo à república e ao rei filósofo no poder da mesma, logo, rumo ao império. Platão expulsa a poesia, a arte e/ou a sofística (capacidade de ousar usar o próprio entendimento). Aristóteles, discípulo de Platão, realiza efetivamente o projeto platônico por meio da implantação do império de Alexandre. De acordo com Marx, com Aristóteles chega ao fim a história objetiva da filosofia grega. E mais ainda, para ele, esse fim da história objetiva da filosofia grega é o mesmo que o por de sol da filosofia que chegou até à totalidade. Esse por de sol, fim ou morte da história objetiva da filosofia grega também é o retorno das luzes das estrelas da história subjetiva da filosofia grega. Essas luzes começaram com as ousadias poéticas dos primeiros filósofos gregos. Aqueles que, sem predecessores filosóficos, afirmaram e exibiram um notório saber feito a partir da poiésis/poesia/criação. É a eles que, no período pós-Aristóteles, de império alexandrino e expulsão dos poetas, da Ágora e/ou do uso do próprio entendimento, as filosofias epicurista, estoica e cética da consciência de si visam retornar. Não se trata mais de um retorno à prática imediata daquele período, posto que então a prática do notório saber estava em harmonia com a sociedade, com a Ágora, mas, agora, sob o império, que se impôs precisamente se valendo da expulsão do notório saber e da Ágora, se trata de um retorno mediado pela prática da crítica e/ou combate ao império e/ou à filosofia objetiva que chegou à totalidade. Logo, se trata de um retorno àquele período das primeiras luzes mediado pela luz ofuscante do sol que se põe e apaga graças à prática da reflexão e/ou da crítica que eterniza o retorno dessas primeiras luzes como uso do próprio entendimento imanente, como inspiração poética da subjetividade imanente. Se diferencia do notório saber dos primeiros filósofos ou dos pré-socráticos, do saber relativo ou sofístico e socrático dos segundos filósofos, do saber erudito da totalidade metafísica dos terceiros filósofos por ser a afirmação do saber autodidata dos princípios filosóficos dos quartos filósofos. (https://espacoacademico.wordpress.com/2019/06/03/rendicao-ou-luta-fica-bolsonaro-versus-fora-bolsona&#8230😉 […]

  2. No Manifesto do Partido Comunista a burguesia produz seus próprios coveiros que são os trabalhadores, quer dizer, os componentes do proletariado, mas numa passagem dos Grundrisse referente à maquinaria automatizada, que, sistematicamente, dispensa trabalhadores, a produtiva burguesia ao tornar a produção medida pelo tempo livre torna igualmente o capital seu próprio coveiro.

    Quando ela produz os trabalhadores, ou o capital que mede sua produção pelo tempo de trabalho, ela produz seus próprios coveiros nos componentes do proletariado. Quando ela produz a maquinaria automática sem uso de trabalhadores, ou o capital que mede sua produção pelo tempo livre, ela produz a si própria como sua coveira.

    No primeiro caso, os coveiros são os trabalhadores ou as forças humanas do tempo de trabalho. No segundo caso, a coveira é a burguesia ou a última força humana do tempo livre a admitir não ser mais a proprietária exclusiva do tempo de trabalho da maquinaria automática, posto que esta, para funcionar como tempo de trabalho exclusivo, precisa ser acessada e/ou funcionar como propriedade socializada/social do tempo livre, logo, das forças humanas que são as exclusivas detentoras do tempo livre.

    Como apreendemos essas diferenças do processo de desenvolvimento do capital? Aparentemente apreendemos bem as lutas dos componentes do tempo de trabalho. Mas, como apreendemos as lutas dos componentes do tempo livre? Estamos ou não estamos vivendo no período de passagem da produção medida pelo tempo de trabalho para a produção medida pelo tempo livre?

    Aparentemente, no período da produção medida pelo tempo de trabalho, as forças humanas de trabalho se relacionam imediatamente com meios de produção e podem conquistar o tempo livre se apropriando desse meios de produção ou socializando esses meios de produção. Porém, no período da produção medida pelo tempo livre, as forças humanas livres só se relacionam imediatamente com meios de produção automáticos, quer dizer, cada vez mais acessíveis por toda parte, cada vez mais espalhados e difusos por toda a sociedade, quer dizer, cada vez mais socializados ou cada vez mais apropriados como simples conexão ou simples associação com uma rede maquinal automática do tempo de trabalho.

    Que fazer?!

  3. O Tea Party adotou o nome baseado num episódio da luta pela independência nacional da revolução americana contra taxas da Coroa Britânica. Os libertários dos EUA se identificam com lutas contra o Estado e suas abusivas exigências. Os Confederados se levantaram em luta de Secessão contra a União para garantir a liberdade de agir economicamente frente a interdição imposta pelo Estado dos EUA. Em todos esses casos reivindicaram em inglês o brado da Marselhesa: Aux armes mes citoyens! Reivindicam a luta armada revolucionária pela liberdade e contra a opressão! Em todos esse casos eles são conservadores, latifundiários, escravocratas e livres empreendedores das lutas de classes, sociais, raciais, sexuais etc.

    A expressão Yankee go home! ou Yankees goes home! se origina da Guerra Civil Americana (ver: https://pt.wikipedia.org/wiki/Yankee) como grito de guerra dos confederados contra os federais da união, quer dizer, como grito de guerra dos escravistas contra os abolicionistas. Como sabemos ela foi adotada pelos sul-americanos em luta contra os EUA, mas, então, esses sul-americanos se identificavam com quem?! Com os escravocratas?! Com os abolicionistas?!

    Jair Bolsonaro é partidário dessa luta armada revolucionária dos conservadores, latifundiários, escravocratas, livres empreendedores das lutas de classes, sociais, raciais, sexuais etc. A ditadura e o fechamento do Congresso, do STF etc. é a realização efetiva da libertação revolucionária dos inimigos que oprimem e impõem a interdição da sua liberdade de agir.

    Eles acusam seus inimigos de se apoderarem do Estado e todas as instituições como o Congresso, o STF etc. e estão dispostos a lutar de todas as formas contra tais inimigos, por isso consideram que a ditadura é revolucionária e libertadora e merece ser defendida e implantada. Então, lutarão pela ditadura revolucionária libertária em todas as ocasiões, não tendo o menor receio de se lançar na luta de classes, no conflito político e social, ao contrário, consideram que é por meio das lutas que irão conhecer e saber com certeza a amplitude e os limites de suas doutrinas libertárias revolucionárias. De antemão só sabem e conhecem a disposição de lutar revolucionariamente pela liberdade ou libertariamente pela revolução.

    Mais do que tudo eles são nietzschianos. Nietzsche assumia amar seus inimigos e eles também assumem e querem que seus inimigos sejam tão dispostos e entregues a lutar revolucionariamente na escola das lutas de classes quanto eles são dispostos e entregues.

    No passado essa descrição podia ser a de lutadores revolucionários de esquerda e extrema-esquerda e não de lutadores revolucionários de direita e de extrema-direita. Mas, atualmente, se olhamos para a Venezuela, por exemplo, vemos as imagens dos lutadores revolucionários da liberdade ou dos lutadores libertários da revolução se colando nos opositores a Maduro e as imagens dos lutadores reacionários da opressão ou dos lutadores opressores da reação se colando no status quo de Maduro. Se olhamos para Lula e o PT vemos aqueles que recusam a luta armada revolucionária dos progressistas, dos sem terra, dos libertos, dos determinados como trabalhadores, dos determinados como etnias, como regionais (nordestinos), como sexo (mulheres), sexualidade (homossexuais, LGBT), como pobres etc.

    Lula e o PT assumiram a política prudente do realismo da Paz & Amor. Bolsonaro & os seus assumiram a política ousada do mito da Guerra & Ódio.

    Só escrevi isso para ficar claro que vejo esse movimento se desenrolando a olhos nus e me incomoda que, aparentemente, ninguém parece ver isso.

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