Alienação parental de um pai gay: um exemplo para todos os tipos de pais

RICARDO RIBEIRO BAETA*

Quando, próximo do Natal de 2001, minha filha, aos 11 anos, deixou de falar comigo, foi uma surpresa. Quase seis meses antes de isso acontecer, ela me havia falado: “…pai, eu te amo do mesmo jeito. Você não me ensinou que o importante é as pessoas serem felizes? Então, eu quero que você seja feliz e vou continuar sendo sua filha e te amando“. Assim ela me acolhera, em seu terno coração infantil, depois de eu ter conversado francamente sobre minha orientação homossexual.

Enquanto ela me beijava o rosto e enxugava as minhas lágrimas, senti-me protegido por aquele terno ser, que demonstrava, em atitude, a educação que eu tanto me esforçara em proporcionar-lhe. Depois de quase seis meses desse acolhimento, eis que, repentinamente, antes de cortar contato comigo, ela me disse que eu “era desprezível”. Chorei e sofri por muitos anos, pois senti na atitude inocente de minha filha o peso opressivo da alienação parental. Por isso, quero compartilhar esta experiência com todos os tipos de pais.

Eu jogara limpo o tempo todo com minha ex-esposa. Mantive a fidelidade conjugal e, quando percebi que reprimir minha homossexualidade me tornava uma pessoa amargurada, melancólica, depressiva e, no limite extremo, com episódios recorrentes de síndrome do pânico, propus então a separação amigável. Mas minha ex-esposa, que muito me amava, propôs que eu deveria manter o casamento e ter “casinhos discretos”. Não aceitei…

Inicialmente, a nossa separação foi muito amigável e eu conseguia ver minha filha com alguma regularidade. Minha ex-esposa parecia aceitar bem a situação enquanto percebia que, mesmo separado, eu tinha somente “casinhos ocasionais”, ou seja, nada que apontasse para “namoro firme” ou “casamento”. Todavia, quando comecei um novo casamento (com outro homem) – que durou 10 anos – toda a relação mudou com minha ex-esposa e com minha filha.

A tolerância, como sempre, revela-se ambígua, pois há nela implícita uma lógica assimétrica de poder entre tolerante e tolerado. Nesse jogo social, experimentei exatamente o limite paradoxal e prático contido no conceito de tolerância. Com exceção de um irmão por parte de pai e sua família, todos os meus familiares viraram-me as costas, explicitando a sua posição de poder enquanto reguladores da tolerância ao definirem, tacitamente, até onde eu poderia ir com minha homossexualidade. A partir daí, iniciou-se o processo de alienação parental, uma verdadeira lavagem cerebral, materializada numa palavra grande, de quatro sílabas, colocada na boquinha inocente de minha filha: “des-pre-zí-vel…”

Sobre esta situação, creio que meu maior erro foi não ter forçado judicialmente que minha filha pudesse conviver comigo; foi ter esperado que, espontaneamente, à medida que amadurecesse, ela me procurasse, pois continuei procurando-a, mesmo sofrendo sucessivas negativas. Tirei uma lição importante sobre esta experiência: os efeitos de longo prazo da “alienação parental”.

O meu caso serve de alerta para todas as formas de pais divorciados (homo-, hetero- ou transexuais) com filhos pequenos. Nossos filhos são muito vulneráveis à sugestão ambiental de valores, ideias e preconceitos que distorcem a visão que podem vir a ter de pessoas, eventos e coisas; podem sofrer um processo de transferência de culpa, remorso e ressentimento por meio de chantagens emocionais, abertas ou filigranáticas, do núcleo familiar afetivamente hegemônico.

Penso agora o quanto que, naqueles seis meses entre ouvir “amor” e ouvir “desprezível”, a minha filha pode ter sofrido ao sentir remorso por ainda me amar e, com o tempo, sofrer por acreditar que não deveria, pois não “tinha pai de verdade”. Fico imaginando a sua passagem pela adolescência nas festas de pais da escola em que não estive, nos passeios que não fizemos, nos ensinamentos que deixei de passar… Afinal, quem quer por perto um pai “desprezível” – no meu caso, “desprezível” porque “viado”?

Mas nós, pais de todos os tipos e formas, devemos lembrar que, por mais que doa a permanência da rejeição de uma criança que se tornou adulta, crianças que sofrem alienação parental são tão vítimas quanto nós quando se tornam adultas. O sentimento que um ser nutre por outro não é natural, mas aprendido nas rizomas filigranáticas de performances de valores na vida social e familiar. Portanto, por mais que a criança que se tornou adulta passe a ser um adulto do qual se pode cobrar responsabilidade por suas condutas e escolhas afetivas, tal adulto que fora um dia a criança que sofrera alienação parental aprendeu o focar sentimentos e emoções sobre pessoas, eventos e coisas que não mudam se não nos fizermos presentes, forçando a nossa presença, fazendo-a lembrar de um afeto que já existiu e que fora esquecido por falta de prática em ambiente social favorável… Por tudo isso, penso que o meu maior erro foi não buscar orientação jurídica certa no tempo certo para evitar que o processo de alienação parental se consolidasse.

Embora a infância da afetividade de minha filha esteja perdida para sempre, pois somos agora dois adultos, estranhos um para o outro, podemos aprender a nos amar como pai e filha adultos. Afinal, adultos que nunca se conheceram desde a infância aprendem a se amar. A diferença, em nosso caso, é que somos pai e filha, vítimas de alienação parental…

Caros pais, a infância afetiva de minha filha está perdida para sempre, mas não a possibilidade de sua afetividade adulta. Então, olhem para seus filhos adultos como vítimas que precisam de sua ajuda, mesmo quando a criança de sua memória afetiva não esteja mais lá; mesmo que agora esta criança seja adulta e estranha para vocês!…No fundo, há nelas um paradoxo emocional: desejam que insistamos; desprezam-nos porque insistimos (fruto do remorso frente à possibilidade de nutrir alguma afeição que a família afetivamente hegemônica ensinara que era “desprezível”); e um sentimento de rejeição quando desistimos, terminando por acreditarem que, desde o começo, estavam certas em nos acharem “desprezíveis”.

Eis os efeitos paradoxais da alienação parental na subjetividade da criança que se tornou adulta; efeitos que imagino constituírem a resistência afetiva de minha filha adulta contra mim; efeitos que torço não afetarem suas escolhas afetivas vindouras…

Não perdi as esperanças… Recentemente, soube que minha filha tentou ingressar no curso de psicologia da UFRJ. Assim, quero manter a esperança de que, estudando psicologia no contexto atual de debates sobre sexualidade e direito, ela busque se desalienar de mim, pois o meu peito continua sendo o mesmo ninho de afeto e acolhimento que, por um breve tempo, também vi espelhado naquele ser lindinho que, aos 11 anos de idade, soubera me acolher com amor e generosidade…

Caros pais, a minha filha continua existindo na adulta para a qual sou um estranho… Não desistirei dela!… Não desistam de seus filhos!…


* RICARDO RIBEIRO BAETA é Bacharel e Licenciado em História pela UFRJ e Professor de História na Rede Pública da Ensino (RJ).

21 comentários sobre “Alienação parental de um pai gay: um exemplo para todos os tipos de pais

  1. amigo!
    você não escolheu em momento algum ser assim, pensar assim agir assim, sei que sua maravilhosa filha ainda terá muito orgulho de você, se já não estiver em teus braços!!!
    felicidades Nilson Mattos

  2. Ricardo, sua estória se reverterá, digo isto porque você se propôs a dissipar esta névoa de seu coração, através deste trabalho, e que servirá de referência a outros pais nesta mesma situação de alienação parental. Me comoveu, pois tenho um menino de 2 anos e 8 meses, e sou separado da sua mãe, apesar de termos uma relação de amigos, mas tenho um olhar diferenciado para vida do próximo, e sempre me ponho no lugar do outro. Persevere e acredite que não há mal que dure eternamente, esta estória irá mudar, tenha fé e siga em frente !
    ” E que Mestre Jesus abençoe sempre os corações dos homens de boa vontade, independente de suas etnias, opções, escolhas e sexualidades.”

    Sidney Gomes.

  3. Bom dia!!!
    Eu estou sofrendo muito tenho uma filha d 6 anos a familia nao me deixa ter contato com ela ja entrei na justiça foi determinado eu passar finais d semana com ela mas a mae a familia faz a cabeça dela pra nao sair comigo vejo q qando a procuro ela tem medo de chegar perto d mim a mae sempre estar por perto nao me deixa so com ela sofro muito com isso, mas nunca vou deixar de ama minha filha.
    Sou Alex trab como cabeleireiro tenho 24 anos.

  4. Gostei muito da sua declaração, e vc está certo. Eu tenho lutado na justiça para que minha presença não seja apagada. Me faço presente e vou passando a minha versão dos fatos e dando a possibilidade que minha filha compare e tenha uma alternativa das versões oficiais. Por enquanto é isso. Ricardo, vc deve ser um grande cara, gostei muito do seu texto e da sua coragem e mais ainda da sua honestidade, adoro pessoas transparentes. ok. abração!

  5. Posso Imaginar O Seu Drama, Minha Historia Eh Parecida Com A Sua. Parecida Porque Tambem Fui Casado E Por Duas Vezes E Tive Filhos Nos 2 Casamentos, Porem, Nao Passei Pela Sua Rejeicao Parental. De Tempo Ao Tempo, Continue Vivendo Da Melhor Forma Possivel

  6. … A vida tem dessas coisas. É um aprendizado continuo, dificil e muito cruel as vezes. Mas, se aprendemos e superamos preservando-se o sentimento, nos tornamos sábios e melhores, e não somente fortes. Admiravel e sábio foi nos ter partilhado não só a sua dor mas a sua experiência, e com isso nos fazer mais conscientes de valores sociais distorcidos que sobrepoe -se a necessidade humana de sermos felizes e até do próprio amor já conquistado no âmago familiar…. Acredito que aquele amor da sua inocente filinha ainda esteja lá dentro dela debaixo de um montão de “lixo” conceitual e o mais pesado de todos, e colocado lá embaixo por todos, – o preconceito, que a fizeram temporariamente perdida como consequencia desta ‘Alienação Pariental”. Parabens pela coragem de seu relato! Espero realmente que a sua superação faça a sua filha entender, se encontrar e resgatar o amor por ti lá embaixo escondido… Abraços, e ate breve. ANDRE

  7. meus caros,
    colegas, amigos, todos
    em primeiro liguar muito obrigado por todas as palavras. não sou nem tenho nada de especial ou melhor, apenas a dor, viver o preconceito, a discriminação, o sofrimento, nos faz mais fortes e sem temores; sem medo de se expor, de ficar vulnerável, atingível, frágil diante do outro ou da sociedade. desejo sim no futuro falar um pouco mais! mas esse desejo nasce da vontade de lutar sempre e de alguma forma para uma sociedade e uma vida cada vez sempre melhor para nós todos seres humanos que apesar do que muitos pensam todos nós somos sim! e é necessário urgentemente que sejam criados instrumentos, mecanismos, sistemas, legislação equlibrada, etc. para que situações como a minha e de tantos outros, todos os tipos de alienação parental, parem de continuar perpétuamente se reprodizindo. e este deve ser o papel a desempenharmos todos nós! chorei mesmo diante de muitos comentários, tocantes, animadores, incentivadores, solidários, maravilhosos! obrigado e obrigado! Ricardo Ribeiro Baeta.

  8. Olá, Áurea Lacerda e toda a gente bacana que comenta por aqui.
    Vamos fazer uma corrente “espiritual” pró-Baeta, pra ele se sentir mais confiante, e vir a saber que mesmo um cara tremendamente machucado como ele pode levantar uma muralha de amigos ou admiradores — será que a irresponsável ex-esposa poderia fazer o mesmo, com a mesma qualidade?
    O mote é simples, Baeta: Quem planta, colhe, como já dizia a minha avó, a tua avó, a avó dessa tua ex-mulher e todas as avós desse mundo de meu “deus”. Se eu estivesse na tua situação, escreveria mais e mais coisas sobre esse e outros assuntos para sites de boa audiência como este aqui. É preciso ser um bocado homem pra fazer isso, ao ponto de atingir até mesmo certa moça de vinte e poucos anos que quer ser psicóloga. E, quando ela ler os comentários, verá que a mioria, quase todos profosseores ou estudiosos como você e ela, são algo assim como “os amigos do meu pai”, e isso é forte, mesmo para alguém que há muito deixou de ser criança.

  9. Gostaria de parabenizá-lo pelo texto cheio de transparência, reflexão e coragem.
    Só posso lhe agradecer por ter compartilhado mais do que a sua dor, a sua rica experiência e as sábias sugestões e também desejar-lhe muita paciência para que o tempo faça o seu trabalho e apague o que não é importante deixando espaço para novas reconstruções dos laços afetivos e efetivos de afeto! Abraços!

  10. Tenho filhos, hoje adultos e confesso que o texto do Professor Baeta me fez refletir sobre nosso relacionamento.
    Acredito que a verdade e a coragem que impulsionaram o professor a escrever esse relato o conduza a uma conversa direta, em tempo oportuno, com a sua filha. Hoje adulta.

  11. Cara Professora Rosa,
    Saudações cordiais!

    Agradeço o comentário, muito bem-vindo de uma pessoa de seu calibre acadêmico e humano. Fiquei realmente mexido com relato tocante de um pai ferido pela violência da rejeição familiar, depois de ter vivido por anos em auto-negação e ser considerado incapaz pela Secretaria de Educação do Estado e da Cidade do RJ. Malgrado isso, ele tenta transformar sua dor em inspiração e instrução; lembra-nos que ainda é nosso colega, que é professor, que pode ensinar à medida que supera, sem ajuda dos familiares aos quais ajudou no passado, os traumas da autonegação e da auto-aniquilação.

    No final das contas, preconceito é ignorância, e este professor chega com seu relato em boa hora, para suscitar o debate. Como está a saúde de nosso docente? Como está a saúde do docente que sofre com a homofobia em casa e no trabalho?

    As formas atuais de ignorância cultural que causam diferentes níveis filigranáticos de violência homofóbica precisam, mais do que de um combate legal (tb necessário), de um combate cultural. É isso que o professor faz: transforma a dor da rejeição homofóbica em ensinamento para o combate à ignorância. No final das contas, restam as palavras de esperança de uma pessoa ferida: “minha filha continua na adulta para qual sou um estranho”. A sociedade em que vivemos ainda é a “filha” para qual muitos “Baetas” ainda são estranhos.

    Abs.
    Alexander

  12. Caro Ricardo

    O mais importante do teu texto, que pode ser generalizado para qualquer situação de pai separado está no seguinte parágrafo:

    “O meu caso serve de alerta para todas as formas de pais divorciados (homo-, hetero- ou transexuais) com filhos pequenos. Nossos filhos são muito vulneráveis à sugestão ambiental de valores, ideias e preconceitos que distorcem a visão que podem vir a ter de pessoas, eventos e coisas; podem sofrer um processo de transferência de culpa, remorso e ressentimento por meio de chantagens emocionais, abertas ou filigranáticas, do núcleo familiar afetivamente hegemônico.”

    Quando há uma separação de qualquer tipo de relação, se do lado daqueles que retem a guarda dos filhos não há um comprometimento em manter um bom relacionamento dos filhos com o outro pai que não detém a guarda, QUALQUER MOTIVO, será utilizado para separar os filhos dos pais.

    Deve-se sim OBRIGAR, nem que seja judicialmente, que os filhos tenham contato com o pai que não detém a guarda, pode parecer que se está violando a liberdade da criança, entretanto o que se está fazendo é que ela conheça o outro pai, e não fique sob a influência da opinião do outro, que sempre, mas sempre mesmo, é carregada de ressentimentos.

  13. Tivesse se assumido antes, não teria causado todo este sofrimento para familiares e amigos. Quem se esconde e não se revela, é um covarde. E tem que pagar pela atitude.
    É um choque, realmente você ter um pai, ou um marido e ele então revelar-se, desmascarar-se. Traição este é nome correto. Ninguém se transforma em homo do dia p’ra noite.

  14. Após ler o excelente comentário do Eduardo, fiquei bastante “encafifada” (esta tirei do baú).
    Explico-me: continuo acreditando que, a rigor, você não cometeu erro nenhum, pois fez o melhor que podia o tempo todo. Nunca se poupou.
    No entanto, o tempo (trazendo o resultado das escolhas feitas) te mostrou que deveria ter corrido atras judicialmente…
    Ocorre que, se a gente pudesse saber os resultados de antemão, a vida seria muito mais sem graça, menos desafiadora.
    As variáveis são tão ricas e complexas que, particularmente, não consigo palpitar…principalmente, porque você nos provou que é sensível e inteligente…portanto, o Eduardo e você devem estar certo.
    Para mim, quem luta com inteireza como você é vencedor. Não importa o resultado!

  15. Você não errou hora nenhuma!
    O tempo todo, inclusive agora ao se mostrar com tanta coragem e lucidez, você se deixa conduzir por um amor maduro e consistente.
    Se sua filha lesse este seu artigo, ficaria completamente chocada e perdida…mas acabaria rendida.
    Como deixar de reconhecer o lindíssimo ser humano que você é?
    Torço com toda a força do meu coração pela reconciliação de vocês!

  16. Muito pertinentes as ponderações do autor. Vivemos em tempos complexos, mas com a vantagem de que os temas podem ser debatidos às claras. A homoafetividade é uma realidade que precisa ser encarada como parte da complexidade humana. É um processo que pode ser muito doloroso no contexto de uma sociedade que sempre varreu esses aspecto da humanidade para debaixo do tapete e tende a enxergar o diferente como doente, aberração ou pecador… Também para pais que tem filhos homossexuais é necessária muito esforço de superação das pressões contextuais para aceitar essa condição no filho. Tenho essa experiência, mas desde o início o amor falou mais alto e pude deixar claro que o amor entre nós é incondicional. Embora algumas vezes eu pense que seria melhor para ele ser como todo mundo, ter uma família normal. Mas depois penso que existem tantas “famílias normais” infelizes… Enfim, devemos procurar ser felizes e para isso o amor e o respeito são fundamentais. Obrigada ao Prof. Baeta por compartilhar generosamente sua experiência. Que sirva para nos tornar seres humanos melhores.

  17. Belo texto, sábias palavras… não desista… o humano não pode passar apenas pela relação de gênero.
    Nós amamos os cheiros, os sons, os gostos, a pele, a atitude. A atitude de verdadeiramente ser o que se é.
    Caro professor, espero que sua filha venha a realmente entender e resgatar a garotinha de 11 anos capaz de um amor incondicional sem barreiras de gênero. Que saiba que homo, hétero, ou o que for … a capacidade de amar é infinita, e se devemos honrar algum sentimento nesta vida que seja o amor de um pai e uma filha. Sorte!
    Na torcida, sempre.
    Tânia.

  18. Texto forte, racional e emocionado ! São questões que às vezes ignoramos… ou que ficam invisíveis e não encontram espaço para se expressarem, a não ser sob os vieses da condenação ou, mesmo, da chacota. Parabéns ao autor e aos dois comentadores que me antecederam!
    Abs, Rosa (POA)

  19. Caro Ricardo,
    Saudações cordiais!

    Vc é exemplo de superação ao transformar uma história de sofrimento familiar e violência homofóbica em gesto de generosidade para todas as formas de pais, filhos e de relações entre pais e filhos…
    Torçamos que suas palavras tocantes cheguem a todos os corações empedernidos…
    Abraços e tudo de bom,
    Alexander Martins Vianna

  20. Recado dado, lido e entendido, em alto e bom som!

    Mas que barra pesada, hein, Prof. Baeta? Eu tive alguma sorte, ou tive uma baita sorte. Tenho uma pré-adolescente que se recusou a mentir a meu respeito diante de uma perita psicológica da Vara de Família, veja você, ela disse algumas coisas que não procediam numa sessão da perícia, orientada pela mãe, mas desmentiu tudo em seguida! E, conforme o tempo vai passando, percebo que ela tende a se aproximar mais de mim, porque a afinidade intelectual entre nós é grande (música, literatura, posição política), então eu sou um pai feliz apesar de muita coisa, e tenho a esperança de poder esclarecer muita nuvem preta diretamente com ela quando for maior, sem que ela me rejeite.

    Mas você está coberto de razão: o meu processo judicial para regularizar visitas está correndo já há dois anos e pode demorar ainda mais, porque vivemos em cidades diferentes. Nós pais não podemos deixar a coisa passar em branca nuvem de jeito nenhum, esse também foi um erro meu, porque deixei transcorrerem alguns anos.

    Acredito com muita convicção que sua garota e você ainda vão se achar um ao outro, e um no outro. Porque vocês têm coisas em comum, interesses acadêmicos, pendor pelas humanas, provavelmente um gosto estético aproximado, enfim, eu acredito que afinidades intelectuais entre nós e os nossos filhos são alguma coisa decisiva, por motivos óbvios. Por outro lado, eu acho que essas pessoas que alienam a gente tendem a ser um porre do ponto de vista dos papos e das ideias, o que pode contar muito a nosso favor. Nossos filhos foram prejudicados, mas nem tudo está perdido.

    Na torcida!

    Eduardo, Sampa.

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