Por que os médicos cubanos assustam

porfirioPEDRO PORFÍRIO*

 

Elite corporativista teme que mudança do foco no atendimento abale o nosso sistema mercantil de saúde

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Só em 2011, médicos cubanos recuperaram a visão gratuitamente de 2 milhões de pessoas em 35 países

A virulenta reação do Conselho Federal de Medicina contra a vinda de 6 mil médicos cubanos para trabalhar em áreas absolutamente carentes do país é muito mais do que uma atitude corporativista: expõe o pavor que uma certa elite da classe médica tem diante dos êxitos inevitáveis do modelo adotado na ilha, que prioriza a prevenção e a educação para a saúde, reduzindo não apenas os índices de enfermidades, mas sobretudo a necessidade de atendimento e os custos com a saúde.

Essa não é a primeira investida radical do CFM e da Associação Médica Brasileira contra a prática vitoriosa dos médicos cubanos entre nós. Em 2005, quando o governador de Tocantins não conseguia médicos para a maioria dos seus pequenos e afastados municípios, recorreu a um convênio com Cuba e viu o quadro de saúde mudar rapidamente com a presença de apenas uma centena de profissionais daquele país.

A reação das entidades médicas de Tocantins, comprometidas com a baixa qualidade da medicina pública que favorece o atendimento privado, foi quase de desespero. Elas só descansaram quando obtiveram uma liminar de um juiz de primeira instância determinando em 2007 a imediata “expulsão” dos médicos cubanos.

No Brasil, o apego às grandes cidades

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Dos 371.788 médicos brasileiros, 260.251 estão nas regiões Sul e Sudeste

Neste momento, o governo da presidenta Dilma Rousseff só está cogitando de trazer os médicos cubanos, responsáveis pelos melhores índices de saúde do Continente, diante da impossibilidade de assegurar a presença de profissionais brasileiros em mais de um milhar de municípios, mesmo com a oferta de vencimentos bem superiores aos pagos nos grandes centros urbanos.

E isso não acontece por acaso. O próprio modelo de formação de profissionais de saúde, com quase 58% de escolas privadas, é voltado para um tipo de atendimento vinculado à indústria de equipamentos de alta tecnologia, aos laboratórios e às vantagens do regime híbrido, em que é possível conciliar plantões de 24 horas no sistema público com seus consultórios e clínicas particulares, alimentados pelos planos de saúde.

Mesmo com consultas e procedimentos pagos segundo a tabela da AMB, o volume de  clientes é programado para que possam atender no mínimo dez por turnos de cinco horas. O sistema é tão direcionado que na maioria das especialidades o segurado pode ter de esperar mais de dois meses por uma consulta.

Além disso, dependendo da especialidade e do caráter de cada médico, é possível auferir faturamentos paralelos em comissões pelo direcionamento dos exames pedidos como rotinas em cada consulta.

Sem compromisso em retribuir os cursos públicos

Há no Brasil uma grande “injustiça orçamentária”: a formação de médicos nas faculdades públicas, que custa muito dinheiro a todos os brasileiros, não presume nenhuma retribuição social, pelo menos enquanto não se aprova o projeto do senador Cristóvam Buarque, que obriga os médicos recém-formados que tiveram seus cursos custeados com recursos públicos a exercerem a profissão, por dois anos, em municípios com menos de 30 mil habitantes ou em comunidades carentes de regiões metropolitanas.

Cruzando informações, podemos chegar a um custo de R$ 792.000,00 reais para o curso de um aluno de faculdades públicas de Medicina, sem incluir a residência. E se considerarmos o perfil de quem consegue passar em vestibulares que chegam a ter 185 candidatos por vaga (UNESP), vamos nos deparar com estudantes de classe média alta, isso onde não há cotas sociais.

Um levantamento do Ministério da Educação detectou que na medicina os estudantes que vieram de escolas particulares respondem por 88% das matrículas nas universidades bancadas pelo Estado. Na odontologia, eles são 80%.

Em faculdades públicas ou privadas, os quase 13 mil médicos formados anualmente no Brasil não estão nem preparados, nem motivados para atender às populações dos grotões. E não estão por que não se habituaram à rotina da medicina preventiva e não aprenderam como atender sem as parafernálias tecnológicas de que se tornaram dependentes.

Concentrados no Sudeste, Sul e grandes cidades

Números oficiais do próprio CFM indicam que 70% dos médicos brasileiros concentram-se nas regiões Sudeste e Sul do país. E em geral trabalham nas grandes cidades. Boa parte da clientela dos hospitais municipais do Rio de Janeiro, por exemplo, é formada por pacientes de municípios do interior.

Segundo pesquisa encomendada pelo Conselho, se a média nacional é de 1,95 médicos para cada mil habitantes, no Distrito Federal esse número chega a 4,02 médicos por mil habitantes, seguido pelos estados do Rio de Janeiro (3,57), São Paulo (2,58) e Rio Grande do Sul (2,31). No extremo oposto, porém, estados como Amapá, Pará e Maranhão registram menos de um médico para mil habitantes.

A pesquisa “Demografia Médica no Brasil” revela que há uma forte tendência de o médico fixar moradia na cidade onde fez graduação ou residência. As que abrigam escolas médicas também concentram maior número de serviços de saúde, públicos ou privados, o que significa mais oportunidade de trabalho. Isso explica, em parte, a concentração de médicos em capitais com mais faculdades de medicina. A cidade de São Paulo, por exemplo, contava, em 2011, com oito escolas médicas, 876 vagas – uma vaga para cada 12.836 habitantes – e uma taxa de 4,33 médicos por mil habitantes na capital.

Mesmo nas áreas de concentração de profissionais, no setor público, o paciente dispõe de quatro vezes menos médicos que no privado. Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar, o número de usuários de planos de saúde hoje no Brasil é de 46.634.678 e o de postos de trabalho em estabelecimentos privados e consultórios particulares, 354.536. Já o número de habitantes que dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) é de 144.098.016 pessoas, e o de postos ocupados por médicos nos estabelecimentos públicos, 281.481.

A falta de atendimento de saúde nos grotões é uma dos fatores de migração. Muitos camponeses preferem ir morar em condições mais precárias nas cidades, pois sabem que, bem ou mal, poderão recorrer a um atendimento em casos de emergência.

A solução dos médicos cubanos é mais transcendental pelas características do seu atendimento, que mudam o seu foco no sentido de evitar o aparecimento da doença. Na Venezuela, os Centros de Diagnósticos Integrais espalhados nas periferias e grotões, que contam com 20 mil médicos cubanos, são responsáveis por uma melhoria radical nos seus índices de saúde.

Cuba é reconhecida por seus êxitos na medicina e na biotecnologia

Em sua nota ameaçadora, o CFM afirma claramente que confiar populações periféricas aos cuidados de médicos cubanos é submetê-las a profissionais não qualificados. E esbanja hipocrisia na defesa dos direitos daquelas pessoas.

Não é isso que consta dos números da Organização Mundial de Saúde.  Cuba, país submetido a um asfixiante bloqueio econômico, mostra que nesse quesito é um exemplo para o mundo e tem resultados melhores do que os do Brasil.

FIG 3

Quando esteve em Cuba, em 2003, a deputada Lilian Sá foi conhecer com outros parlamentares o médico de família, uma equipe residente no próprio conjunto habitacional

Graças à sua medicina preventiva, a ilha do Caribe tem a taxa de mortalidade infantil mais baixa da América e do Terceiro Mundo – 4,9 por mil (contra 60 por mil em 1959, quando do triunfo da revolução) – inferior à do Canadá e dos Estados Unidos. Da mesma forma, a expectativa de vida dos cubanos – 78,8 anos (contra 60 anos em 1959) – é comparável a das nações mais desenvolvidas.

Com um médico para cada 148 habitantes (78.622 no total) distribuído por todos os seus rincões que registram 100% de cobertura, Cuba é, segundo a Organização Mundial de Saúde, a nação melhor dotada do mundo neste setor.

Segundo a New England Journal of Medicine, “o sistema de saúde cubano parece irreal. Há muitos médicos. Todo mundo tem um médico de família. Tudo é gratuito, totalmente gratuito. Apesar do fato de que Cuba dispõe de recursos limitados, seu sistema de saúde resolveu problemas que o nosso [dos EUA] não conseguiu resolver ainda. Cuba dispõe agora do dobro de médicos por habitante do que os EUA”.

O Brasil forma 13 mil médicos por ano em 200 faculdades: 116 privadas, 48 federais, 29 estaduais e 7 municipais. De 2000 a 2013, foram criadas 94 escolas médicas: 26 públicas e 68 particulares.

Formando médicos de 69 países

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Estudantes estrangeiros na Escola Latino-Americana de Medicina

Em 2012, Cuba, com cerca de 13 milhões de habitantes, formou em suas 25 faculdades, inclusive uma voltada para estrangeiros, mais de 11 mil novos médicos: 5.315 cubanos e 5.694 de 69 países da América Latina, África, Ásia e inclusive dos Estados Unidos.

Atualmente, 24 mil estudantes de 116 países da América Latina, África, Ásia, Oceania e Estados Unidos (500 por turma) cursam uma faculdade de medicina gratuita em Cuba.

Entre a primeira turma de 2005 e 2010, 8.594 jovens doutores saíram da Escola Latino-Americana de Medicina. As formaturas de 2011 e 2012 foram excepcionais com cerca de oito mil graduados. No total, cerca de 15 mil médicos se formaram na Elam em 25 especialidades distintas.

Isso se reflete nos avanços em vários tipos de tratamento, inclusive em altos desafios, como vacinas para câncer do pulmão, hepatite B, cura do mal de Parkinson e da dengue.  Hoje, a indústria biotecnológica cubana tem registradas 1.200 patentes e comercializa produtos farmacêuticos e vacinas em mais de 50 países.

Presença de médicos cubanos no exterior

Desde 1963, com o envio da primeira missão médica humanitária à Argélia, Cuba trabalha no atendimento de populações pobres no planeta. Nenhuma outra nação do mundo, nem mesmo as mais desenvolvidas, teceu semelhante rede de cooperação humanitária internacional. Desde o seu lançamento, cerca de 132 mil médicos e outros profissionais da saúde trabalharam voluntariamente em 102 países.

No total, os médicos cubanos trataram de 85 milhões de pessoas e salvaram 615 mil vidas. Atualmente, 31 mil colaboradores médicos oferecem seus serviços em 69 nações do Terceiro Mundo.

No âmbito da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América), Cuba e Venezuela decidiram lançar em julho de 2004 uma ampla campanha humanitária continental com o nome de Operação Milagre, que consiste em operar gratuitamente latino-americanos pobres, vítimas de cataratas e outras doenças oftalmológicas, que não tenham possibilidade de pagar por uma operação que custa entre cinco e dez mil dólares. Esta missão humanitária se disseminou por outras regiões (África e Ásia). A Operação Milagre dispõe de 49 centros oftalmológicos em 15 países da América Central e do Caribe. Em 2011, mais de dois milhões de pessoas de 35 países recuperaram a plena visão.

Quando se insurge contra a vinda de médicos cubanos, com argumentos pueris, o CFM adota também uma atitude política suspeita: não quer que se desmascare a propaganda contra o regime de Havana, segundo a qual o sonho de todo cubano é fugir para o exterior. Os mais de 30 mil médicos espalhados pelo mundo permanecem fiéis aos compromissos sociais de quem teve todo o ensino pago pelo Estado, desde a pré-escola e de que, mais do que enriquecer, cumpre ao médico salvar vidas e prestar serviços humanitários.


* PEDRO PORFÍRIO é Jornalista desde 1961, quando foi repórter da ÚLTIMA HORA, PEDRO PORFÍRIO acumulou experiências em todos os segmentos da comunicação. Já aos 18 anos, no início do governo revolucionário (1961-62) trabalhou em Cuba como editor de língua portuguesa da Rádio Havana.Trabalhou também nos jornais O DIA e CORREIO DA MANHÃ, TRIBUNA DA IMPRENSA, da qual foi seu chefe de Redação, nas revistas MANCHETE, FATOS & FOTOS, dirigiu a Central Bloch de Fotonovelas. Chefiou a Reportagem da Tv Tupi, foi redator da Radio Tupi teve programa diário na RÁDIO CARIOCA. Em propaganda, trabalhou nas agências Alton, Focus e foi gerente da Canto e Mello. Foi assessor de relações públicas da ACESITA e assessor de imprensa de várias companhias teatrais. Teatrólogo, escreveu e encenou 8 peças, no período de 1973 a 1982, tendo ganho o maior prêmio da crítica com sua comédia O BOM BURGUÊS. Escreveu e publicou 7 livros, entre os quais O PODER DA RUA, O ASSASSINO DAS SEXTAS-FEIRAS e CONFISSÕES DE UM INCONFORMISTA. Foi coordenador das regiões administrativas da Zona Norte, presidente do Conselho de Contribuintes e, por duas vezes, Secretário Municipal de Desenvolvimento Social. Exerceu também mandatos em 4 legislaturas na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, sendo autor de leis de grande repercussão social. Publicado em http://www.blogdoporfirio.com/2013/05/por-que-os-medicos-cubanos-assustam.html

16 comentários sobre “Por que os médicos cubanos assustam

  1. Ninguém nega que medidas profundas e integrando múltiplas áreas do conhecimento são necessárias para termos no caso específico, da saúde, precisam serem implementadas com eficiência e eficácia. Dor é dor, só quem sabe aonde dói a dor da indiferença. O programa Mais Médico não é a salvação, é o ponto de partida, para um novo pensar em saúde pública, O resto é preconceito.

  2. Sou médica e pedi demissão de dois empregos públicos por total falta de condições de trabalho nos hospitais. Gostaria de fazer algumas perguntas ao jornalista. Foi citado no texto que os médicos cubanos vêm fazendo um belo trabalho em regiões pobres do mundo, incluindo as nossas. Então pergunto, por que continuamos a ter municípios tão pobres sendo a 6a. maior economia do mundo, por que continuamos com milhares de municípios sem saneamento básico, sem escolas e hospitais com condições mínimas de trabalho? Qualquer comentário sério sobre o tema, precisa abordar o fato de que os médicos, assim como outros profissionais, querem trabalhar, porém recebendo salários dignos, com plano de carreira e com condições razoáveis de trabalho. Pergunto ao jornalista: Qual foi o seu salário como secretário de desenvolvimento? O senhor recebe alguma aposentadoria do governo ou foi submetido a um contrato de trabalho provisório,? E as condições do seu gabinete, eram parecidas com um posto de saúde do interior? O senhor não acha que os políticos deveriam também servir ao país por salários menores, será que se gastássemos menos com políticos tão improdutivos , não poderíamos melhorar as condições de vida em todas as cidades, mesmo as mais longínquas e aí sim, acolhermos nestes municípios todos os profissionais, médicos, engenheiros, jornalistas etc de forma digna?

  3. Sou médico, e gostaria de comentar alguns pontos:
    “No Brasil, o apego às grandes cidades”
    – não se trata de apego as grandes cidades, mas porque a maioria dos lugares muito retirados dos grandes centros querem medico, mas não tem medicações,
    Não tem equipamento de urgência(desfibrilador, monitor cardíaco, oximetro) no caso da ginecologia e obstetrícia, não tem anestesista para cirurgias, não tem pediatra. E obviamente o medico que atua em todas as especialidades nos dias de hoje esta exposto a levar processo, por exemplo um parto sem pediatra se ocorrer óbito o obstetra acaba sendo condenado ou então um medico clínico que faz anestesia por falta de anestesista se ocorrer qualquer problema também e condenado. Se o medico tivesse uma carga horaria de trabalha justa e digna, tivesse toda a estrutura física e também pudesse contar com a ajuda de outros especialistas, com certeza , teria medico que iria o interior. Outro ponto importante é que no interior é muito comum tentar usar médicos e enfermeiros para favores políticos, por exemplo , experiências de amigos que trabalharam no interior(por exemplo mato grosso, amazonas ,Para, rondonia, etc), que foram obrigados a dar atestado sob pena de pagarem com a própria vida. Ou então serem demitidos por exemplo porque um politico exigia uma receita controlada para um eleitor que usava aquela medicação como droga e não como remédio, e muitas outras situações dessas.
    Outra questão e que oferecem um carga horaria absurda aos médicos, já vi ofertas de trabalho medico no próprio site do conselho federal de medicina, em que o medico trabalha todos os dias 08horas por dia, faz sobreaviso todos os dias. Para quem não sabe sobreaviso e um sistema de trabalho em que o medico pode ficar em casa e ir so tiver paciente, para quem não e medico parece muito pratico e comodo. Infelizmente na pratica o sobreaviso significa muitos pacientes para atender. Alem disso o medico ainda tem que fazer um plantao de final e mais uns dois de sobreaviso, ai se pergunta quando o medico dorme, quando fica com a família , com os filhos, ou alguém acha que medico é igual a aparelho de celular ?, que é so botar o carregador na tomada.
    – Pessoas o que vocês acham que é saude?
    Saude não e só encher de medico e enfermeiros, saúde e ter alimentação saudável para comer, ter roupa para vestir e não passar frio, ter lazer, ter família, ter agua potável para tomar, ter casa para morar , e ter esgotado e agua tratada, e ter segurança na sua casa e na rua e não ser morto pela violência seja das grandes cidades e também do interior. O que muitas vezes ninguém se lembra e que nesses lugares muito afastados existe uma mortalidade muito alta, não é so porta falta de medico e enfermeiros, mas sim por falta de condições básica de sobrevivência, comida ,moradia ,lazer, trabalho digno. O médico até ajuda, mas se as outras questões não forem resolvidas é uma gota num copo da agua e medico não é magico que vai la sozinho com uma varinha magica e não morre mais ninguém, ninguém mais fica doente. A saúde e resultado de múltiplos fatores já citados.

    -em primeiro lugar NO BRASIL os estudantes de medicina atendem pacientes gratuitamente junto com seus professores DESDE O SEGUNDO ANO DA FACULDADE na maioira das universidades ou seja já existe um trabalho os pacientes do Sistema Único de Saude desde o inicio da faculdade.
    “Sem compromisso em retribuir os cursos públicos”…
    -a questão de o médico recem formado em cuba ter de pagar com serviços gratuitos por 4anos em cuba , no Brasil se sugere o mesmo ha muitos anos para medicos formados em universidades federais. Concordo DESDE que todos os profissionais formados em UNIVERSIDADE FEDERAIS(ADVOGADOS, ODONTOLOGOS, ENFERMEIROS, ENGENHEIROS , JORNALISTAs, PSICOLOGOS, AGRONOMOS, PROFESSORES E OUTRAS PROFISSÕES), tambem tenham a mesma obrigação de traballhar gratuitamente durante um certo periodo. Ja que não é só médico que se forma em universidade publica, então todos as profissões teriam que trabalhar gratuitamente durante um certo periodo.
    “Não é isso que consta dos números da Organização Mundial de Saúde”…. “Graças à sua medicina preventiva, a ilha do Caribe tem a taxa de mortalidade infantil mais baixa da América e do Terceiro Mundo” Ora não se iludam isso não e resultado só de medicina preventiva, mas sim de condições básicas de sobrevivencia, comida, moradia, lazer, educação, segurança, medicamentos, agua potável.

    -JA QUE VAMOS TRAZER medicos , vamos trazer todos os outros profissinais para o brasil…..engenheiros ja que muita gente desfavorecida não consegue regularizar sua casa porque nao tem dinheiro para paga por exemplo um engenheiro para assinar o projeto da casa própria ,…. advogados porque muitas pessoas esperam meses e as vezes anos para conseguir um advogado gratuito, porque não tem dinheiro para pagar um, um psicologo , um dentista por exmplo , dentistas cubanos porque é caro, políticos ….empresas e trabalhadores chineses que produzem muito por muito pouco… o que voces acham?

  4. Também concordo com a argumentação do texto do jornalista PEDRO PORFÍRIO. Trazer médicos cubanos para o Brasil é uma solução emergencial, já que nossos cursos de Medicina nem estão localizados no interior do país e os que existem não investem em medicina preventiva. Os próprios alunos de medicina das particulares e das públicas terminam optando pelo investimento numa formação “curativa” ou “empreendedora” (consultório particular, cirurgia plástica, medicina hight tec, etc).

    Oxalá esta medida do governo sirva para reorientar o currículo dos cursos de medicina do Brasil. E também sirva para o próprio governo cumprir metas de Estado: evitar criar cursos de medicina particulares, caros, que só servem para os donos ficarem ricos e atrair alunos endinheirados que não conseguem entrar nos cursos das instituições públicas.

    É lamentável o pseudoargumento do corporativismo médico. No mínimo é elitista e cínico, pois prefere olhar o próprio umbigo e não a necessidade coletiva. Para o povo carente de médico, não importa de ele é cubano, boliviano, inglês, brasileiro. Importa apenas que ele seja médico. Ainda que o lugar não tenha condições de infraestrutura hospitalar (argumento dos médicos para não aceitar trabalhar no interiorzão) o médico cubano parece estar preparado para “educar” o povo, evitando assim que doenças primitivas adoeça a população carente. Temo que os nossos médicos hight tec não estejam preparados para fazer diagnósticos de doenças tropicais; pediatras, principalmente.

    Destaco no texto “Há no Brasil uma grande “injustiça orçamentária”: a formação de médicos nas faculdades públicas, que custa muito dinheiro a todos os brasileiros, não presume nenhuma retribuição social, pelo menos enquanto não se aprova o projeto do senador Cristóvam Buarque, que obriga os médicos recém-formados que tiveram seus cursos custeados com recursos públicos a exercerem a profissão, por dois anos, em municípios com menos de 30 mil habitantes ou em comunidades carentes de regiões metropolitanas”.
    Parabéns!

  5. Deve ser deixado claro que os médicos formados na Bolívia, assim como os e Cuba não conseguem revalidar seus diplomas porque não conseguem passar na prova. Menos de 2 % tiram a nota mínima, pois não sabem as coisas mais básicas.

  6. Me senti contemplada e realizada com a lúcida e esclarecedora reportagem. Penso justamente da mesma maneira que o jornalista. Parabéns!

  7. É o PT assumindo sua incompetência. Em 10 anos não conseguiu resolver a questão e aí ajeitou uma soução facílima: Importar os médicos que estão sobrando em Cuba. Fala sério…

  8. Excelente texto, excelente argumentação. Podem chamar do que for, criticar o que for, mas no final é a população carente que vai sair ganhando. Temos muito que aprender com as políticas de saúde e também com as outras sociais de Cuba.

  9. Olá Pedro Porfírio,
    Diante de tantas postagens contra a vinda dos médicos cubanos resolvi tecer dia desses alguns comentários sobre o tema. Hoje, ao ler o seu texto rico em informações e dados concretos, fiquei contente em perceber que muito daquilo que falei antes intuitivamente você completou de forma magistral.
    Um abraço,
    Juliana

    Quero compartilhar com vocês e com outros leitores aquilo que escrevi:

    Se me olhar no olho quero ser atendida por um médico cubano, por que não?

    Estou sinceramente tentando entender por que várias pessoas que conheço estão criticando a vinda de médicos cubanos ao Brasil, fiquei até perplexa como há tanta gente saudável disposta a defender os nossos muito amados e patrióticos médicos. Ora, estes não precisam da nossa defesa, nem sequer nos olham quando entramos em seus consultórios, ainda que bem pagos, nos atendem em menos de cinco minutos, passam exames que faremos em suas clínicas ou de seus amigos, nos dão receitas muitas vezes desnecessárias que rendem milhões aos seus amigos da indústria farmacêutica.
    Muitos deles estudaram em instituições financiadas e mantidas com dinheiro dos nossos impostos e, no entanto, se negam a atender com decência pacientes em hospitais públicos, ou que não possam pagar o seu preço em clínicas particulares. Poderíamos até pensar que não há erro nenhum em querer ganhar rios de dinheiro ou de se sentirem verdadeiros deuses, afinal, isso aqui é um país capitalista, e num país de doentes, ser médico é ter em suas mãos o futuro da nação. Minha confusão se deve ao fato de nunca ter visto nenhum médico brasileiro defendendo nem por um instante a Saúde ou Educação do nosso país. Nenhum deles defende os professores em suas lutas cotidianas ou em momentos críticos como os de uma greve, por um mísero piso salarial de 1,400 reais, valor considerado exorbitante por governos pretensamente representante dos trabalhadores. Também nunca vi um médico, ou doutor, como eles gostam de serem chamados, cuidando de um paciente como o faz o enfermeiro e o técnico. Por certo, no Olimpo onde moram os maiores deuses da medicina brasileira, os mesmos que curaram em alguns meses uma presidenta ou um ex-presidente, ou um filho de artista famoso, não se chega o clamor dos pobres mortais pacientes brasileiros. Eles desconhecem os caminhos da dor dos milhares de brasileiros que peregrinam por meses até conseguirem um diagnóstico de câncer e dos muitos que morrem antes mesmo de iniciarem o tratamento, por omissão, negligência ou da falta de acesso aos remédios. Os nobres e intocáveis doutores devem desconhecer as dores dos pacientes e de seus familiares que veem seus amados apodrecerem em macas improvisadas em hospitais sucateados por administradores médicos, eles desconhecem a nossa dor quando vamos procurá-los, não querem saber quem somos nós, o que sentimos, como vivemos, o que nos faz sofrer para termos essa ou aquela doença. Afinal, é muito justo que eles atendam tão mal já que a remuneração nunca está à sua altura. Se um professor, um soldado, um enfermeiro podem ganhar pouco, um médico não, pois estudou muito para isso. Ops! Os professores também estudam muito para exercerem sua profissão, mas esse comentário não é pertinente, então nos esqueçamos desse pequeno detalhe.

    Será que os cubanos são bons de ouvido e de visão? Será que conseguirão ver a humanidade dos pacientes brasileiros? Será que por lá se ensina que o compromisso deve ser em primeiro lugar com a saúde? Estou querendo descobrir.

    Juliana Brito 11/05/13

  10. Puxa vida, bastante esclarecedora e traz argumentos que impõe reflexão séria! Parabéns pela acurácia do Jornalista. Obrigado!

  11. Gostaria de ter acesso ao currículo da escola de medicina cubana. Pergunto, também, por que o PT e seus partidos aliados, há dez anos no poder nao criaram na da em matéria de ensino de medicina preventiva.

  12. Contribuindo com a reflexão: Estive em Cuba em 2012 e convivi diretamente com o povo durante duas semanas. Conversei livremente com alguns médicos de Santiago, Olguin e de La Habana. Em Cuba, os médicos recebem salário do governo , de 40 a 50 cuques (ou dólares, mensais) – tudo depende de critérios – e não podem cobrar “de particular”, nem se vincular a planos (como no Brasil). Nos planos governamentais, podem trabalhar no exterior, como fazem aos milhares na Venezuela, e como o PT quer no Brasil. Cuba incentiva a exportação de seus médicos, pois lá estão sobrando. Cada médico que vai para o exterior é um a menos para o governo manter. E depois, na volta, o Tesouro fica com uma parte dos seus ganhos no país onde trabalhou. “Exportar” médicos é um bom negócio para Cuba, sim. A Venezuela, por exemplo, paga aos Castro(s) pela cessão de 3.000 médicos/ano com gasolina. Cuba forma bons médicos-sociais, que serão utilíssimos na nossa Amazônia. O que parte dos médicos brasileiros tem medo é que, além do tipo de medicina praticada (social e não de especialidades) eles podem se encantar com a riqueza consumista brasileira e desertar, saindo da Amazônia e vindo aos grandes centros do País para concorrer com eles.
    As direitas abaixo da linha do Equador argumentam que se trata de invasão de comunistas, como alega-se na Venezuela… e daí? pode-se discutir isso, nao?
    É preciso dar atenção também às centenas de jovens brasileiros que estão se formando em medicina na Bolivia e não conseguem trabalhar aqui quando voltam, pela dificuldade de convalidaçao dos seus diplomas lá conquistados.

  13. Bela reportagem, bem argumentada e documentada. Da para ver a marca de um grande jornalista na redaçao da matéria.

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